quinta-feira, 25 de abril de 2013

Meu bem,

    Sinto sua falta. O tempo é curto, a distância é longa e eu sinto sua falta. Tenho visto os dias se arrastando, sempre tão nublados, sempre tão frios, sempre tão vazios. Mas não sei. Não sei se são os dias que têm andado nublados ou se sou eu. Nublada, fria e vazia. Por dentro, por fora e por você. Sinto sua falta.
    Trouxe a caneca que você me deu. E o cordão. Trouxe também a parte de mim que consegui separar de ti, na esperança de amenizar a dor. Ledo engano: eu inteira tenho partes suas em cada pedacinho de mim. E choro. Choro sempre, quase sempre sem motivo, mas choro em copiosa agonia ao te ver por aquela pequena tela de 15". Posso ver, posso ouvir, não posso tocar. Nem mesmo do seu cheiro, parte fundamental da minha paixão, posso me deleitar. Te quero aqui, te quero pra ontem. E pra hoje. E pra sempre.
    Fico tão feliz quando vens! Toda a saudade vai embora, e desfruto da tua presença com o desespero de um peregrino que bebe água num oásis. Mas teus poucos dias de estada passam muito rapidamente, e logo sou forçada à tortura que é, inerte, assistir você passar pela minha porta. Então meu mundo se enegrece e se esvazia novamente, e numa violência tão cruel que chego a me perguntar se é melhor te ter, mesmo que por pouco, e depois ter a dor de te ver ir, ou simplesmente me comprazer deste sofrimento chamado saudade. Não sei. Apenas não sei. Sinto sua falta.
    Deixo nesta carta todos os arranhões de desespero que a saudade desenhou no meu peito. Deixo-me plácida, pálida e complacente à sua espera. Deixo-me incompleta, deixo-me sua. Para todo o sempre, sua. Sinto sua falta.
       

          Atenciosamente, por todos os beijos que não te posso dar. 



                                                                        Ass.: Aquela que te ama como Ninguém jamais te Amará.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Mas você não vem


       Eu só queria que você viesse aqui de surpresa e me abraçasse. Queria que você me desse um beijo desintencionado e suspirasse dizendo que só veio porque deu saudade. Aí então você poderia deitar na minha cama enlaçado na minha cintura e com a cabeça recostada no meu peito pedir com jeitinho aquele cafuné que você adora. Daí você diria num desabafo que aquele carinho era tudo o que você precisava e adormeceria logo em seguida. Enquanto isso eu contemplaria a face que amo e ficaria maravilhada com a beleza da tua imperfeição.
       Esse seria um dos momentos que eu nunca esqueceria, como outros tantos que eu nunca vou esquecer. Eu transbordaria de felicidade nessa hora, e isso atenuaria a agonia que sinto agora em minhas entranhas. Secaria minhas lágrimas e me daria a segurança que me falta. Mas você não vem. 
       E enquanto isso eu fico aqui, imaginando como seria te ter de corpo e alma em meus braços novamente, medindo as lacunas que nós deixamos crescer e pensando se há remédio pra tamanha degeneração. Mas você não vem.
       E é nessa necessidade de ti que me revelo na minha mais íntima fragilidade, lado este em mim que ninguém mais conhece, e que você parece explorar. E permaneço, camuflada em fortaleza, esperando o dia em que você olhe com carinho para as minhas feridas e se penalize, remediando o rasgo que você deixou. Mas você não vem.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Surto de amor não-declarado


  Mas acho que na verdade somos dois idiotas totalmente apaixonados que ficam cheios de dedos pra falar da dimensão do próprio sentimento. Eu acho viadagem, e não sei bem se tenho coragem de dizer pra ele que acho que foi feito pra mim, e eu pra ele. Que eu até animaria casar, se ele quisesse. Correria sério risco de ser abandonado no altar - meu medo (e asco) de casamentos é explícito - mas acho que eu diria 'sim' sem pensar, e pela 1ª vez na vida deixaria pra analisar a proposta depois que decidisse. 
    Não sei porque tô postando isso, se tenho medo de dizer pessoalmente e agora você tá lendo isso. Mas sei que você também deve sentir coisas que não diz. Mas eu te amo. Te amo porque somos iguais, te amo porque não sei como isso é possível, te amo porque você me fez acreditar em destino. Te amo porque você acredita em mim como eu mesma muitas vezes não acredito, e como eu acredito em você. 
  Te amo porque você é o que me prende ao lado místico da vida. Porque você me dá fé, porque o seu sorriso e seus trocadilhos ridículos me convencem diariamente que alguém muito foda tramou o nosso encontro - ocasião esta que, diga-se de passagem, tinha tudo pra dar errado. Te amo porque você me deixa livre e me faz te amar por ser o que é. Te amo porque você não me obceca, mas me prende ao seu sorriso e só. Te amo porque você se transformou por mim, como eu mesma não achei que mudaria, e te amo porque você me convence disso a cada dia. Te amo porque não morro por você, mas porque você me convence a viver, sorrir, comer e até malhar. 
   Porque você me convence a lutar pelos meus sonhos quando eu começo a considerá-los uma grande loucura. Te amo pela tua mania idiota de negar até a morte ínfimo ciúmes, e porque fica lindo quando não consegue disfarçar.
     E te odeio mortalmente por me deixar assim tão ridiculamente derretida e apaixonada a ponto de escrever esse monte de merda. Cretino *-*

terça-feira, 26 de julho de 2011

Incertas certezas

texto antigo, mais precisamente datado de 09/07/08. ultimamente não tenho tido inspiração suficiente.

Ser humano é tão incerto quanto pode ser. Não tem certeza nem ao menos da própria vontade, que dirá dos outros ou da própria morte. Afinal não seria a vida um breve golpe de sorte?
  O ser humano é servo apenas de sua própria incerteza: aceita tua condição de nada estar certo.
Mas qual seria da vida a graça se de tudo detivéssemos certeza, e o destino dominássemos?
    Se esvairiam os sonhos, as esperanças morreriam, metas não existiriam, e bem mais inúteis nos tornaríamos.
Se do porquê não sabemos
e buscamos descobrir
nós provamos à incerteza,
nos provamos que a certeza é mero privilégio dos que não sabem mais sonhar.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Azilo


'Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira'
                                                                          Adélia Prado




           Desistência. Meu corpo desfalece, minha mente se entrega e eu já não quero mais lutar. Nem fingir ser forte ainda consigo. A base de todos, a força, a razão, o juízo que antes me rotulavam agora não passam de embalagens vazias. Acabou-se todo o auxílio que eu podia prestar. Esvaiu-se toda a minha habilidade de apaziguar, reunir, pacificar. 
                   E com toda a sensatez que me decorava, foi-se embora minha calma, fugiu minh'alma e escondeu-se meu sorriso com minha alegria, que há muito não encontro mais. 
         
       Me vejo numa prisão. Porém ela não prende meu corpo, mas tudo o que o move. Quando minhas mãos a atacam e tentam libertar o que resta do meu eu, meu esforço se mostra inútil. Nada pode me soltar agora. Assim, só me resta desistir de tentar mudar a realidade que há muito não reside em minhas mãos. 
            Afinal, quando é a parte da bonanza?? Quem é o responsável por julgar se já penei o bastante, e me libertar? Quem me condenou, quem decidiu a minha pena? Qual foi o mal que outrora causei, e que agora me submete a esta pena?

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Veneno

  Envenena-me como fazem os peçonhentos. E como sorrateiros que são, invade-me também aos poucos, sutilmente; às vezes nem te percebo me dominar. 
   Tão lento quanto se aproxima, olhando fundo e firme em meus olhos, olhar penetrante como só o teu. Tão leves quanto teus dedos, sedosos, ágeis, minuciosos ao me tomar para si. Tão suaves quanto teus lábios, que docemente roçam nos meus buscando uma fenda por onde aplicar teu veneno.
     Assim tão sutis são tuas artimanhas de me envolver, de me ganhar. Astuto, perverso, diabral, me traz as mais sórdidas tentações num simples e malicioso olhar de víbora cruel.
        Veneno este que me explora, me corrompe e corrói meu eu em translúcidas manhas de reciprocidade. Mostra-se também frágil ao meu efeito a cada nota dessa melodia. Faz-me escrava e escraviza-se sem pensar, faz-me escrava e faz-se meu: servo leal de meus caprichos.

sábado, 23 de outubro de 2010

Fraca

  Fraca.
  Fraca como a vida lhe fez, fraca como quem ainda não lasseou às intempéries do mundo agindo em sua bilionésima parcela de importância na existência.
    E como tudo o que é frágil, cedeu.
       Como todo frágil cristal quebrou-se ante à queda, como quebram as ondas quando encontram a rocha. Fez-se cacos, fez-se pó por simples golpe desferido pela mais normal das circunstâncias que o viver expõe.
      Mas sentia-se tão firme, tão apta às inconstâncias... coitada! Quando atinou, estava largada nas pedras, jogada, desmaiada, ESPALHADA.
               Perdera seus princípios, seus sonhos, suas razões, onde foi parar sua identidade??
                 Perdeu também sua pobre segurança. E então nem quis mais se procurar, se remontar.
         Entregou-se à derrota, não via saída para tal flagelo porque seus olhos também perdera.
            E agora, inerte, chora as lágrimas que ainda não encontrou.


               Vai, chora.
                 Cadê tua certeza??
                    Vai, chora.
                       Pra onde foi tua força? Não te chamavas fortaleza?? Dissolveu-se teu castelo de areia.
                          Anda, chora!
                             Clama pela paz que dizes nunca ter conhecido, implora pelos dias de falsa-alegria que um dia a ludibriara, não para de chorar!
     Avante em choro imundo, inútil, tosco de quem ainda tem visão entre os cegos, choras enquanto a brisa termina de espalhar teus fragmentos!!
        Chora enquanto o mundo rola e ri da tua entrega, pois enquanto pensas que sofres, sofrem mais os que são mais fortes que tu!


                                Chega, mortal comum, para de lamentar ter perdido o pão enquanto muitos mal água tem. Levanta logo, vai procurar teus pedaços e cuida para que não encontres alguns. Usa outras partes, remonta-te diferente! Porque se te levantas deste tombo igual à que caístes, torna-se inútil seu penar.
  Apressa, adianta-te que o mundo ainda gira não sob seus pés, mas sobre a tua cabeça.
       E quando novamente pensares ser assim tão blindada, inatingível, lembra-te que as mais altas edificações ruíram, e aceita tua humanidade pobre, medíocre e egoísta.
                  Assume tua natureza e não renega tua fraqueza.
                                                E vê se te enxerga.

...

   Porém descobriu que sua liberdade ainda pendia presa à sua necessidade de estar sempre no controle, de saber sempre o que estava fazendo. Percebeu que ter sempre uma estratégia para tudo era sua verdadeira prisão. E descobriu ter se perdido.
      E viu nos olhos daquele que tanto a fazia bem a comoção de um arrependimento que a convenceu. Sentiu em suas palavras a possibilidade palpável de uma mudança que muito buscara, e teve fé. Rendeu-se então à sensação que sempre a rendera, mergulhou de cabeça na divertida tentação que se insinuava e à qual sofria em resistir. Entregou-se ao seu próprio destino.
                   E cedendo à fraqueza física, reencontrou a ascensão do sentimento que tanto tinha ignorado. Lembrou-se da sensação, do quanto aquela união a completava. Sentiu-se segura pela prova da reciprocidade daquela emoção, mas teve medo de se entregar. E ainda assim se entregou, quis viver o momento e só.
   Prometeu a si mesma ser feliz, e não se deixar mais sofrer. Estava novamente se expondo ao risco, mas decidiu dar a si própria o 1º lugar na sua vida. Não aceitaria outro deslize. Não haveria mais volta se o corpo novamente ignorasse o coração.
               Sentiu-se si mesma, sentiu-se e só. Entendeu que nada poderia impedi-la de ser feliz se ela não quisesse. Sentiu-se então feliz, e mais livre por não mais depender de alguém, mesmo amando-o. E continuava a busca de sua tão sonhada liberdade.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Uma nova Ana Laura

     Então ela viu que o que ela amava de verdade era a possibilidade de ter para si alguém que ninguém jamais havia tido, por pura vaidade... Viu que seu amor era pela sua imagem de amante, e não pela essência. Encontrou no acaso a pessoa certa para cobiçar, o coração mais difícil de conquistar. Pôs para si um desafio, um dos jogos mais divertidos de que podia dispor. E quando pensava ter perdido a guerra, viu-se vitoriosa numa disputa que não queria mais lograr, alcançando um prêmio do qual ela já havia aprendido a viver sem almejar.
   Sentiu-se feliz a princípio, vendo-se vitoriosa em uma batalha que já não disputava mais. Depois veio a consciência, que fê-la enchergar sua prepotente ânsia no poder de algo não merecia, de alguém que isso a ela não faria. Sentiu então todo o peso do mundo em suas costas, provou como era corruptível sua própria mente, e a decepção consigo própria a abateu.
        Quando acordou, olhou para trás e não quis voltar... se viu livre de si mesma, da mania egocêntrica de ser única e especial. E, mesmo tendo alcançado o que mais queria, mesmo vendo a tristeza nos olhos de quem agora finalmente a amava, escolheu libertar a si própria à alimentar seu egoísmo. Deciciu entregar os pontos, lançar ao léu sua grande conquista.
         Mas a vida, pensou, era instável, e ainda lhe havia muito a passar, e quase nada ainda havia tido tempo de aprender. Colocou-se em seu lugar. Viu-se vítima da própria ambição. E pensou como era bom aquele que agora ela deixava, e que enfim libertava do jogo, num gesto de verdadeiro amor condolente a si e a ele. Sorriu para si e viu entusiasmo num novo caráter para explorar e melhorar. Agora podia mudar novamente e apertar os parafusos mais soltos, como se faria num mundo ideal. Tornara-se independente de si, dependente do novo mundo que estava disposta a enxergar.
    Assim, reconquistou a juventude de um sopro leve, suave e digno, buscando a sensação de toda a adrenalina irresponsável que merecia. Passou a ver o mundo com a inconsequência da simples e comum adolescente que agora assumia ser. Deixou pra trás sua mania de grandeza, buscando somente ser maior, e só.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Inquietude

   A brisa bate em minhas ondas enquanto angustio-me com a imagem de um mundo que não é meu. A imagem que questiono muta rápido à minha frente, e assim como meus cachos se agita e contrabalança às manhas do ar. Ela também muda suas cores: pode ser toda suave ou intensa ou os dois.
   Ela veio de mansinho, mostrando-se somente em alguns picos. Depois tomou lugar, veio espaçosa e devagar, até tomar todos os ângulos de minha já irrequieta mente.
   Então toca novamente em minha face o vento, instável feito meu interior, e me faz pensar se somente eu vejo a pane que se instala neste mundo que ainda dizem ser o meu.
   Seria idealismo listar aqui tudo o que eu não concordo? Ou seria só mais um protesto surdo de uma pobre solitária em decepção?? Que mal há em enchergar em tudo ao menos um pouco de estupidez? Só eu penso assim? Estou só em minhas divagações? Por que tudo iso acontece? E por que ninguém faz nada? Por que??

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Lá vem ele

   Lá vem ele, trazido pela vontade de desbravar um novo mundo. Vem vestido em preguiça, mas traz no olhar a energia, a vontade, o brilho que as estrelas escondem.
   Lá vem ele, tentando abafar o sorriso que se obriga a por no rosto, que se revela a oeste e se cobre a leste. E vem junto com o cheiro, junto com o fogo, junto com o ar. Vem perturbar meu sono, vibrar minha pele, provocar meu juízo.
   Vem, e traz consigo todos os sonhos do mundo, vem e tem comigo todos seus sonhos de homem. Vem com calma, vem com pressa, vem buscar seu bem. Vem de corpo, vem de alma, vem de mente. Sorri e olha, o sorriso teimoso de quem se encontra em meio às desandanças da vida.
   Vem aquele que amo, vem aquele que teima que não ama. E porque eu conheço aquele que me faz bem, sei que ele não me faz mal. Por isso eu sei, vejo a máscara que a teima forma, e vejo além dela, o que ele pode me dar. Eu sinto.
   Vem então ao meu encalço, vem buscar a parte que lhe falta. Vem provar teu gosto, vem provar meu mel.  Vem tecer meu tempo, vem adocicar a minh'alma; vem.

sábado, 19 de junho de 2010

Gosto

    Gosto quando me olha, sem malícia, sem luxúria, e foca em meu olhar tuas mais puras pretensões. Gosto quando me prende devagar em tua respiração, na proximidade dos nossos rostos, formando um elo firme. Gosto quando a tua boca explora a minha, alongando-se pelas outras partes da minha face, buscando meu mais doce mel.
    Gosto da sensação do teu corpo, dos teus braços, da tua alma. Gosto do teu cheiro, do teu gosto, do teu toque. Gosto do teu ar, dos teus lábios, da tua pele.
    Gosto quando me toma pelas mãos e me guia pelo teu corpo. Gosto quanto testa minhas costelas e a pele das minhas costas, quando suga em meu pescoço meu fôlego, e aplica em mim teu veneno que nos torna imortais. Gosto quando sussurra em meus ouvidos as mais loucas promessas de um amor aceso.
    Gosto das tuas ousadias, das tuas sutilezas, dos teus movimentos agressivos e das tuas delicadezas. Amo teus raros surtos românticos, amo enxergar sentimentos por entre tuas mais rústicas masculinidades, e explorar tuas fraquezas em meio às tuas muralhas de areia.
    Amo teus olhos, tua boca, tuas sardas e teu olhar. Amo teus cabelos, teus braços, teus traços, teu pescoço, teu colo e tuas mãos. Amo teu jeito, teu sarcasmo, teu meio-sorriso inundado em terceiras intenções e a forma com que me desafia. Amo tuas histórias loucas e cada uma das tuas cicatrizes espalhadas. Amo tua voz, arrastada, embebida em preguiça, sono, malícia e fogo. Amo o jeito que fala, a forma dos teus movimentos, tua mania de me contrariar.
    Acho que também amo você.

domingo, 13 de junho de 2010

Decepção

Sob o olhar da tristeza
repousa o meu interior,
sustentando-se da falha
na missão de não chorar.
Malditas lágrimas, praguejo,
enchendo minhas pálpebras,
espalhando pelo resto de mim
a sensação de morte.
  Como quem não divulga seu preceito
  pelas costas, no auge do meu gozo
  veio a lâmina que me atravessa o peito
  de onde eu bem pensava duvidoso.
Maldito seja o lado divino do homem,
maldito seja seu lado perverso, diabral,
maldito seja o ser que um dia resolveu
que ambas as faces convivessem
dentro do corpo de um animal
que, mesmo tendo em si a consciência
se entrega ao mais simples e vil instinto.
   Lembrar o domínio da verdade sobre nossas vidas,
   um para o outro, o outro para um,
   o que há pouco nos mantia unos,
   e que agora nos faz água e óleo, preto e branco.
       Sofro agora porque errastes;
       sofro mais se te deixo pela decepção,
       ou se te aceito outra vez e corro mais o risco da traição?

domingo, 6 de junho de 2010

Sem título

Como explicar o que eu sinto
quando te tenho novamente à minha pele 
quando te tenho novamente em mim?
  Ocupando de novo a minha mente, merecidamente,
  ao me mostrar seu mundo quando me toma nos braços.
    Na imensidão de 1000 palavras que não são ditas
    - e nem precisa - mas sentidas
    no calor de um laço pelo qual
    entre nós não há espaço
    senão na vontade de não mais se soltar
    e de ainda mais se embrenhar
    no labirinto para o abismo que se mostra
    o nosso ar...
Como explicar - como entender (?)
A intensidade desse sentimento?
 Como aceitar esse domínio a que me submete
 e que me permite dominar?
    O jogo que se forma, na órbita do nosso abraço
    na tensão da pele, no aço
    que pelas ferozes garras dessa chama sucumbe,
    o fogo que se acende, e arde.
 
  Mas pra que explicar o que não se pode entender
  se o que eu preciso posso reconhecer
  que tantas lágrimas após expelidas
  de minhas inchadas pálpebras compadecidas,
  tantas noites mal-dormidas
  de agonia em mim enrustida,
      que valeu a pena esperar - valeu apena lutar
      pra mais uma vez poder te amar.

Esquecimento

  Te esquecer. Você acha que é fácil?
     Lembrar teus olhos... Lembrar teus olhares.
     Lembrar tua boca... Lembrar teus beijos.
     Lembrar teu corpo... Lembrar teus abraços.
         Meu esforço, meu empenho na tentativa de te tirar de mim
         se mostra desistente, se mostra incompetente
         ao meu corpo que desfalece ao lembrar você.
         E você nem me ajuda!
             Chega sempre mais perto,
             me obriga a sentir teu cheiro,
             me obriga a sentir tua falta.
               Faz meu coração novamente acelerar
                      minha atração novamente aflorar
             e faz meu corpo novamente te desejar.
  Mas por que sofrer assim??
   Por que me tortura dessa maneira,
    por que judia de mim??
        Te odeio só por que ainda te amo.